domingo, 7 de junho de 2009

Condenação de 31 xucurus leva índios ao Centro de Recife

Publicado em 06.06.2009

Trezentos integrantes da etnia participaram, ontem, de ato público

Cerca de 300 índios xucurus participaram de um ato público, ontem à tarde, no Centro do Recife, para protestar contra a decisão da 16ª Vara da Justiça Federal, em Caruaru, no Agreste do Estado, que condenou 31 xucurus à prisão, incluindo o cacique Marcos Luidson, 30 anos. Como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) entrou com recurso no Tribunal Regional Federal (TRF), é aguardada a revisão do processo em liberdade. O resultado deve sair em dois meses. Eles são acusados de incitar a violência durante conflitos em Pesqueira, Agreste, no dia 7 de fevereiro de 2003, como também pelo porte ilegal de armas e por incendiar casas e carros.

O conflito, segundo os índios, foi uma resposta à tentativa de assassinato sofrida pelo cacique Marcos, naquela manhã de fevereiro, por dissidentes da etnia xucuru, supostamente a mando de fazendeiros de Pesqueira. Marcos é filho do cacique Francisco de Assis de Araújo, Xicão, assassinado por fazendeiros, em 1998.

A disputa entre indígenas e latifundiários da região havia começado em 2001, quando os xucurus reconquistaram 95% de seu território. A terra demarcada tem 27.555 hectares, onde estão assentadas 24 aldeias e quase dez mil pessoas.

“Lutamos durante muito tempo pela terra que era nossa. Essa batalha mexeu com gente poderosa da região, como fazendeiros e políticos. Por isso, os xucurus passaram a ser perseguidos, inclusive nos tribunais. Este protesto é para denunciar o processo de criminalização pelo qual estamos passando”, comentou o professor indígena e vereador de Pesqueira Aguinaldo Gomes de Souza.

O protesto dos xucurus começou na Câmara do Recife e contou com apoio de alguns vereadores. Depois, os índios seguiram ao Palácio do Campo das Princesas, no Centro, onde foram recebidos pelo chefe da Casa Civil, Ricardo Leitão. Os indígenas alegaram que o processo do Judiciário feito em Caruaru tem várias falhas e precisa ser revisto com atenção pelo TRF.

“O governador Eduardo Campos conhece bem a história dos xucurus e sabe o que está acontecendo em Pesqueira. Só que o Executivo não tem poder para questionar uma decisão do Judiciário. O que fizemos foi facilitar o acesso dos índios ao TRF”, comentou Leitão.

Depois do Palácio, os índios foram recebidos pelo presidente do TRF, Luiz Alberto Gurgel de Faria, no Cais do Apolo, Centro. “Pedimos apuração mais séria, justa e democrática”, afirmou o advogado do Cimi, Sandro Lobo.

Fonte: JORNAL DO COMMERCIO - PE

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