terça-feira, 14 de julho de 2009

A 1ª CONSEG

Galera, pra começar o meu relato sobre a experiência da Conseg, poderia copiar o início do relato de Marquinhos, sem tirar nada, porque também cheguei atrasado, de ressaca e na hora que os GT’s estavam começando (por coincidência a festa foi a mesma!).

Nunca tinha participado de uma conferência e, logo de cara, vi o Estado brasileiro, através da Conseg, admitir a ineficiência de suas políticas e abrir o espaço para a sociedade civil participar ativamente da discussão que vai definir os rumos que serão dados à segurança pública daqui pra frente. Apesar dos problemas já colocados por Marquinhos e Victor – que dificultaram a participação da sociedade civil –, não há como negar que a conferência representa um grande avanço por inquestionavelmente abrir o debate.

Participei do GT que tratava da prevenção social do crime e das violências e da construção da cultura de paz. Os trabalhos foram iniciados com a muito boa participação do professor Ariosvaldo Diniz (sociólogo), que, fazendo um histórico da violência no país, expôs a grande apropriação pela população de práticas violentas durante o regime autoritário, já que, do lado do Estado, elas eram institucionalizadas e tidas como instrumento para a manutenção da “ordem”, ao passo que, para a sociedade, constituíam uma alternativa para a defesa e promoção dos seus princípios democráticos. Com a abertura, este paradigma foi apenas modificado, formando-se um novo regime de repressão, desta vez, contra os pobres. É a nossa realidade!

Após a exposição, seguiu-se um debate com a participação do professor, com o objetivo de discutir as questões que seriam transformadas em propostas durante a tarde. Sem fugir do natural, o tempo foi dividido entre muita divagação, contação de história pessoal e algumas discussões bastante pertinentes. Teve até um figura que, depois do professor Ariosvaldo tratar e refletir a fundo sobre a origem social da violência, disse não estar vendo nada de prevenção naquele GT (Cumpadi véi, como é que a gente vai prevenir um negócio sem conhecer as suas causas?! Abençoado...).

Finalizados os trabalhos da manhã, todo mundo partiu pro almoço (de tão bom, há especulações que em brasília vai rolar até caviar) e depois, como Marquinhos contou, a galera dos movimentos sociais se juntou, e daí começou a articulação. Muito bom ver os representantes de um monte de segmentos sociais se juntando pra discutir como seria a atuação da sociedade civil organizada. Foi ver aquilo que a gente idealiza acontecendo.

De bucho cheio, fomos todos de volta pros GT’s. Victor, com medo de levar um tiro no GT dele, veio junto pro eixo da prevenção social e ainda emplacou uma proposta (valeu, danado!). Esse GT, pela própria natureza do tema, era formado na maioria pela sociedade civil, mas com considerável presença de policiais – felizmente diferentes do estereótipo que nós temos de “polícia”. Apesar da dificuldade de enxugar as sugestões, foram aprovadas boas propostas, dentre elas a criação das polícias comunitárias, a valorização do estudo e da pesquisa sobre a violência e a criminalidade na universidade, além daquela proposta por Vitão.

O domingo foi dia de votar os princípios e as diretrizes que seriam encaminhados e eleger os delegados que nos representarão na conferência nacional em Brasília a ser realizada no mês de agosto. Marquinhos e Dani vão representando o Desentoca (uhu!!!).

Uma das coisas que chamaram a minha atenção foi como as categorias viram na conferência uma oportunidade de fazer as suas reivindicações. Se o negócio fosse frouxo, só rolava diretriz tratando de lei orgânica, salário, inamovibilidade, criação de novas polícias e por aí vai. Só pra deixar claro, considero a valorização dos policiais uma medida indispensável à política de segurança pública... mas tudo com bom senso, a discussão era ampla.

No final das contas, o melhor de tudo foi ver como a sociedade civil pode, através da organização e articulação dos movimentos sociais, ocupar os espaços que lhe são dados, batalhar pelas suas reivindicações e edificar o Direito, tendo em vista a sua natureza de “processo histórico de libertação” em permanente construção.

Os espaços estão sendo abertos. Agora é com a gente. Vamonessa!!!

Um abraço,
Gabriel.

2 comentários:

  1. Massa que vocês tenham aproveitado tanto!
    Pelo visto a reunião de sexta vai ser muito proveitosa com os pontos e conhecimentos adquiridos na CONSEG!
    Parabéns pra Dani e Marquinhos tb q conseguiram se eleger.. tomara que em Brasília a coisa ande!

    ResponderExcluir
  2. Abelardo, meu irmão, segunda grata surpresa em tão pouco tempo! Mandou ver no texto, já dá pra ser redator oficial do Desentoca! Essa parada do corporativismo policial é meio foda mesmo. Tem "lideranças" policiais que enchem veículos de verdadeiros cabos eleitorais que só tão lá pra manter a merda do modelo repressivo e pedir aumento de salário.

    ResponderExcluir