segunda-feira, 13 de julho de 2009

La Haine

"Trata-se da história de uma sociedade em queda e que, à medida em que cai, repete para se reconfortar: 'Até aqui está tudo bem, até aqui está tudo bem, até aqui está tudo bem'. Mas o importante não é a queda. É a aterrisagem." La Haine (1995)



Galera, como prometido, aqui segue uma breve relatoria sobre minhas experiências na Conferencia Estadual de Segurança Publica.

Um momento fantástico e muito intenso de debates, enfrentamentos e de encaminhamentos, de construção em conjunto. Colocamos em prática o que vemos na teoria, mostramos nosso rosto enquanto sociedade civil, dispostos a defender nossos posicionamentos.

A Conferencia em si teve inúmeros problemas. Pra começar, foi pouquissimo democrática e menos ainda inclusiva, como Marquinhos já colocou. O local onde foi feita, o fato de soc. civil ter que votar em trabalhadores sem que houvesse divulgação prévia das listas e suas respectivas categorias, a ausência de divulgação do regimento interno etc.

Na manhã do sábado, participei do Eixo 4, soobre repressão qualificada da criminalidade. Qual não é minha surpresa ao reparar que os únicos representantes da sociedade civil nesse GT eramos eu e D. Aldo Pagotto. Isso mesmo!! O GT foi um martírio, do participaram 16 policiais federais, 4 da civil e 2 militares, sendo um coronel (brabo).

As diretrizes encaminhadas, a maioria, foram as velhas doses mais potentes do mesmo remédio: aumento de penas, aposta no policiamento ostensivo etc. O coronel foi o expositor e logo de cara disse que o policiamento comunitário é romantismo social e a solução para o problema passa longe dele. Mais tarde, voltou atrás e disse que a PM, do jeito que está hoje, exerce policiamento comunitário, pois "interage" com a comunidade. Resta saber como, não é?

Para não dizer que não saiu nada de lá, houve propostas para unificação dos bancos de informações entre as polícias, o que não ocorre hoje. Nesse momento um agente da civil relata que a pm não partilha informações com a civil. Quase tinha cacete por conta dessa "acusação". Mas aí minutos depois surge diretriz no sentido de criar uma policia de ciclo unico, que atue em harmonia, sem interferir nem prejudicar o trabalho umas das outras.

Nesse momento, a PC diz que a PM detona o local das provas onde chega. E logo depois um agente da federal acusa a PM e a PC de serem alvos de uso político indevido, dando a entender que havia a opção clara em se deixar usar. Então o coronel rebate furioso: "e não acontece o mesmo com a federal, não??" Pronto, nessa hora rolou um fight, que eu tava vendo a hora levar um tiro.

Aí percebi o corporativismo no seco, onde cada policial louvava sua "briosa" corporação antes de falar e descia o cacete nas outras. Muito do que lemos no texto de Marcos Rolim pôde ser presenciado na conferencia. E é essa vivência e esse conhecimento de causa que faz a diferença na hora de criticar e de sugerir.

Bom, depois do almoço, fui para o GT onde estava Gabriel (corri do eixo do mal...). Era sobre Prevenção Social, e lá conseguimos emplacar uma diretriz que foi aprovada para a Nacional. Nela se impoe a assinatura de parceirias com as univerisdade para estimular projetos de extensão que possam diagnosticar problemas de segurança publica nas comunidades onde atuarem. Nem preciso falar que foi muito mais produtivo que o outro, não é?

No domingo pela manhã ainda compus a comissão eleitoral que verificou a distribuição das cedulas de votação e a abertura das urnas. O pessoal da organização tava puto com nosotros, pelos pontos fracos que identificávamos e que criticávamos na conferência. Mas, tiveram que ouvir. Afinal, a crítica também deve ser vista como processo construtivo e muito pedagógico.

Um dos melhores momentos ficaram para domingo a noite. Como ninguém é de ferro, fomos eu, Marcolino e Gabriel pra Vila Cariri tomar aquela cerveja, avaliar a participação do desentoca na conferência e relaxar um pouquinho. Ainda rolou uma triunfozinha de cortesia...

Para a próxima é ver se mais tatus participam. Estímulos e vantagens não faltam. O resto depende de cada um.

Um comentário:

  1. Massa Vitão! Na tua relatoria fica bem clara a história da subcultura policial que a gente debateu na sexta. Massa também foi a participação do Desentoca enquanto grupo que teve uma atuação bem destacada. Vítor na fiscalização, Gabriel na contagem dos votos, Rodolfo também sempre por lá. Todos particpamos das reuniões com os Movimentos, por fim só faltou ressaltar o sucesso de alguns membros com a comunidade LGBT, mas aí é outro assunto...

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