Galera, escrevo hoje para relatar uma das minhas vivências mais massas desses últimos tempos de militância.
Mais ou menos às nove horas da manhã, teve início o primeiro dia de trabalho da 1ª Conferência Estadual de Segurança Pública. Cheguei atrasado e de ressaca, já que o São João dos Joes rendeu cachaça e alegria até 4 da matina (vocês perderam geral). Saí correndo de casa e cheguei quando se iniciavam os GT’s.
No meu GT, o 1, foi abordado o tema da Gestão Democrática: controle social e externo, integração e federalismo. Basicamente, esse eixo discute como se dará a participação popular, a interação entre entes e órgãos estatais e os mecanismos de controle formal (corregedorias, ouvidorias) na implementação do novo Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).
Para manhã estava prevista uma exposição seguida de um debate. A exposição foi feita pelo professor Rubens Pinto Lyra, que é um dinossauro, uma figura sempre recorrente nessas questões de conselhos e democracia participativa. A explanação foi muito boa, o cara realmente tem muito conteúdo e tem umas posições até bacanas em relação a essas questões.
Em seguida, veio a pior parte do dia, o debate entre os participantes. Para melhor contextualizá-los, falarei um pouco da composição do meu GT. Éramos quase todos sociedade civil, salvo dois policiais. Apesar disso, as manifestações durante o debate acabavam sempre por fugir do tema em debate. Primeiro vieram críticas à organização da Conferência, depois cada um que viajasse mais na maionese que o outro. Por sorte, quando já não agüentava mais, minha ex-mulher me ligou e eu fui conversar com Marina que tá lá em Minas Gerais.
Quando fomos para o almoço, a fila tava enorme e eu fui compelido à furá-la, graças ao espaço cedido por Vitão. Ao terminarmos de almoçar (a comida foi um espetáculo a parte), eu, Gabriel, Dani M. e Vitão, Rodolfo pra variar foi comer em casa, participamos de uma reunião com os movimentos e assessorias mais chegadas, ou seja, a sociedade civil organizada. A partir daí a história começou a mudar.
Após conversarmos sobre alguns problemas da Conferência, tiramos como estratégia que todos nos candidatássemos para delegado da etapa nacional. Após a reunião, voltamos para os GT’s. No meu GT, como ninguém sabia de muita coisa do que se tratava o eixo, nos juntamos, eu, Taty e Dani Marinho com o pessoal do movimento LGBT e passamos todas as propostas que achávamos cabíveis. Os policiais até tentaram resistir, mas o massacre foi grande e eles tiveram que acatar nossas propostas.
Ao final do dia, fizemos outra reunião com entidades afins. Ficou constatado que a forma como a Conferência foi montada, sem participação do pessoal do interior, num local muito distante e de difícil acesso, sem condições de locomoção para pessoas portadoras de necessidades especiais e, principalmente, com um bocado de gente da polícia inscrita como sociedade civil, era para inviabilizar a sociedade organizada de se representar na etapa nacional, uma vez que os guardas estavam inscritos como sociedade civil e tomariam nossas vagas. Éramos minoria e provavelmente seremos esmagados amanhã.
Então, decidimos que tentaremos dialogar com a organização do evento para que seja remodelado esse quadro. Caso isso não dê certo, teríamos duas possibilidades. A primeira era que rompêssemos com o evento, fizéssemos manifestações e tentássemos uma articulação para mandar alguém para Brasília por fora, só para levar as nossas denúncias. A segunda era que ficássemos e tentássemos eleger pelo menos três pessoas de 31 eleitos para a etapa nacional. Esta terminou sendo a proposta acatada e amanhã tentaremos eleger algumas pessoas, dentre elas, aquele que vos fala.
Bem galera, o massa disso tudo é você materializar aquelas imaginações que a gente tem ao ler Lyra Filho. Essas experiências de trabalhar com movimentos é muito gratificante porque torna tudo aquilo que gente discute uma realidade bem mais palpável e menos abstrata do que a gente imagina. Enfim, faz a gente pensar ou sentir que nosso esforço vale a pena!
Marquinhos
É isso aí Marquinhos!
ResponderExcluirLendo isso que voce escreveu só dá mais instiga pra estar lá daqui a pouco! O melhor tá a chamada do post. Numa conferência como essa é que descobrimos como o buraco do coelho é mais em baixo, bem mais em baixo.
Bora conquistar nossos espaços!
Me comprometo em relatar minhas experiências, até porque tiveram algumas bem interessantes.
Vou comentar pouco.. tenha muitas coisas p fazer e acabei saindo doente da Conferencia. Vou contar o final do filme (os meninos irão relatar melhor todo o processo).. Conseguimos eleger maoria dos 28 delegados da sociedade civil, inclusive Marquinhos e eu. Em Bsb a briga é de gente grande. Ate lá teremos ainda uma conferencia livre sobre sistema penitenciario e articulaçao dos movimentos para a Conferencia Nacional.
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