Ainda está sendo noticiada nos meios de comunicação, a ausência material de uma das mais extraordinárias mulheres do Brasil, a Dona Zilda Arns, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa, órgão de Ação Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Dona Zilda Arns foi uma das vitimais fatais de um terremoto acontecido na paupérrima ilha das Antilhas de nome Haiti.
Falo em ausência material, posto que essa centelha, em sua condição espiritual, representada por Dona Zilda Arns, jamais se apagará seja em espírito ou memória.
Isso me vem a propósito, ao traçar um paralelo entre a pessoa de Dona Zilda Arns e do seu irmão Dom Paulo Evaristo Arns e a do atual arcebispo metropolitano da Paraíba Dom Aldo di Cillo Pagotto.
Muito embora estando longe dos holofotes da mídia, o “mais partidário” dos arcebispos volta a ter destaque na imprensa por conta das suas reacionárias declarações. Na entrevista da quarta-feira (06), concedida a uma emissora local, Dom Aldo declarou que as eleições deste ano iam “feder a chifre queimado”.
Segundo ele, a coisa não está muito fácil na Paraíba e que não iria se meter em política partidária (!?). E manifestou que “ainda vou fazer uma carta para distribuir com a população sobre as eleições”.
Segundo ele, a Arquidiocese teria o intuito de afastar as pessoas da “política partidária” “mas ajudar no discernimento e na escolha daqueles que vão ter a outorga para governar em nome do povo e para o povo”, disse.
O arcebispo também se disse contra a decisão da Justiça Eleitoral que permitiu que agora presidiários possam votar. Dom Aldo disse não aceitar a decisão porque acha que a sociedade não está madura para enfrentar um processo como este. “Eu acredito que uma pessoa que perdeu a liberdade como é que vai votar. Eu acho que bandido vota em bandido”, observou.
Quanta falácia desse incorrigível fariseu, comprometido com tudo que cheira a enxofre na política partidária da Paraíba, a ponto de chorar nos braços de Cícero Lucena, quando de sua prisão pela policia federal e igualmente atirar-se nos braços de Cássio Cunha Lima quando de sua cassação em solidariedade e prantos, com veemência tal a que nem mesmo a dona Silvia, zelosa companheira do ex governador fora capaz de demonstrar em público.
Amaldiçoou e martirizou o quanto pode o atual governador José Maranhão, a ponto de voltar-lhe as costas e negar-lhe à missa e a confissão, para depois cortejá-lo e abraçá-lo efusivamente, com o mais despudorado dos sorrisos.
Mas é em matéria de perseguição - pessoal ou política - onde mais se revela a sanha reacionária desse funesto Arcebispo. O Senador e sacerdote Luis Couto, seu “irmão de batina” que o diga, pois foi por ele perseguido, caluniado e vilipendiado o quanto pode. Suspenso de suas atividades sacerdotais por declarar que era contra o celibato, contra discriminar homossexuais e a favor do uso da camisinha nas relações sexuais.
Com os integrantes dos movimentos populares e reivindicatórios de mulheres, negros e homossexuais, esse demoníaco arcebispo tem revelado a face de um autêntico neonazista.
Dom Aldo Pagotto talvez seja o maior dos reacionários e cerceadores das liberdades de expressão de nossa gente se valendo de sua função a frente do arcebispado paraibano.
Muito ao contrário de um Dom José Maria Pires, de um Dom Helder Câmara, de um Dom Pedro Casaldaliga, de um Dom Marcelo Carvalheira, de um Dom Paulo Evaristo Arns, de um Frei caneca, de um Frei Beto, de um Padre Camilo Torres e de tantos outros que seguindo o Evangelho de Jesus Cristo, dedicaram e sacrificaram suas vidas e ideais em holocausto e sacrifício em prol dos seus semelhantes.
Dom Aldo Pagotto, nunca sentiu a dor humana dos oprimidos por um sistema bestial e desumano, em sua maioria negra e pobre, os quais vegetam nos grandes presídios da grande João Pessoa. Nunca quis ouvir os seus lamentos de senzala. Nunca desceu aqueles porões tão tétricos quanto os porões dos navios negreiros.
Para ele os apenados são como alimárias subumanas, sem direito, portanto a liberdade, voto ou qualquer outra reivindicação, uma vez que Dom Aldo acredita “que uma pessoa que perdeu a liberdade como é que vai votar”? São bandidos e em sendo assim “bandido vota em bandido”.
Devem, sim, descer ainda mais ao inferno de suas “vidas”, a que nem Dante poderia descrever, sem direito a qualquer forma de cidadania e melhoria à sua condição de seres humanos, ou subumanos na visão piedosa de Dom Aldo Pagotto.
Dom Aldo não freqüenta a periferia, uma vez que o povo pobre e oprimido nos bolsões misérrimos das nossas cidades, enfiados como ratos nos esgotos periféricos das favelas, ainda precisam ser orientados e preparados previamente pelas cartilhas produzidas por Dom Aldo. É que os nossos “apenados de periferia”, a nossa “plebe rude”, não sabe ainda votar nem se expressar para que um dia possam usufruir da visita de sua santidade.
A Bíblia nos fala e amaldiçoa aqueles hipócritas, chamados de “sepulcros caiados”. Daqueles que “fogem nos dias de provação”.
Castro Alves, foi exemplo de poeta abolicionista,republicano e libertário que “nunca sentou à mesa nem se embriagou nos banquetes de Friné”, ao contrário do Arcebispo Dom Aldo Pagotto, estigmatizava aqueles sacerdotes-fariseus que “amolam nas páginas da Bíblia o cutelo do algoz”. Como o faz Dom Aldo Pagotto.
Tudo o que é reacionário e antipovo se encaixa nos atos e no curriculun desse dissimulado seguidor da doutrina de Jesús Cristo.
E é o próprio Jesús Cristo que parecendo prever os “dom aldos da vida” chamava-os de fariseus e antecipava que “ ...estes me honram com os lábios mas o coração está bastante longe de mim”.
Dom Aldo Pagotto, por seus atos está mais para um Tomás Torquemada, expoente da Inquisição. Com uma diferença gritante: apesar de carrasco e cruel, Torquemada era assumidamente ele mesmo, sem adicionar disfarces à sua perversa personalidade, ao contrário de Dom Aldo Pagotto que possui uma persona dissimuladora, assim como o fora Rasputim na corte promiscua dos antigos czares russos, um falso profeta, um reacionário fariseu de batina.
Fernando Eneas
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