quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Estudante de Direito da UFPB é agredido pela Guarda Municipal e por seguranças da Câmara dos Vereadores


NOTA AOS ESTUDANTES DO CCJ E DCJ


 Estudante de Direito da UFPB é agredido pela Guarda Municipal e por seguranças da Câmara dos Vereadores
  
O que aconteceu?

Na manhã do dia 14 de setembro (quarta-feira), estudantes de diversos cursos, profissionais da saúde e organizações populares se organizaram, pela terceira vez, em frente à Câmara Municipal de João Pessoa, numa manifestação pacífica contra a Privatização da Saúde.

Durante as manifestações, os seguranças e a Guarda Municipal (todos estavam sem a identificação que é obrigatória) agrediram estudantes, professores e, até mesmo, jornalistas. Foram pelo menos seis estudantes gravemente feridos, entre eles, nosso companheiro, membro do Coletivo Desentoca e extensionista do Núcleo de Extensão Popular – Flor de Mandacaru, que levou murros e empurrões.

Por  que eles apanharam?

Os estudantes apanharam porque defendiam o direito à Saúde! A educação, a saúde, a cultura e o meio ambiente de João Pessoa correm perigo. O prefeito Luciano Agra enviou à Câmara dos Vereadores um Projeto de Lei que visa instituir as Organizações Sociais na nossa cidade.

O Projeto de Lei 1064/2011 versa sobre a privatização da saúde, da educação, da cultura, entre outros direitos básicos; foi escondido da população pessoense e sua votação aconteceria no dia 6 de Setembro, na véspera do feriado da Independência. Não houve nenhuma discussão com a sociedade civil ou com os setores da saúde (como, por exemplo, o Conselho Regional de Medicina, presidido pelo médico João Medeiros – que, diga-se de passagem, é contra as OS’s). No dia 6, estudantes e trabalhadores/as organizados/as se fizeram presentes na Câmara para tentar impedir a sessão.

Por quais motivos somos contra o PL 1064/2011?

1.      As Organizações Sociais não realizam concurso público, terceirizam contratações e o fazem pela Consolidação das Leis Trabalhistas, o que não garante estabilidade aos/às trabalhadores/as;
2.      Não existe licitação para processos de compras e de contratação, que dá margem a fraudes;
3.      As denúncias contra as OS’s, apuradas pelo Ministério Público em vários estados, comprovam a existência de fraudes;
4.      Não existe espaço para o controle social como acontece no SUS, definido na Lei Orgânica da Saúde 8142/90, substituindo-o por um conselho de administração;
5.      Desconsidera a deliberação do Conselho Nacional de Saúde nº 001, de 10 de março de 2005, contrária “à terceirização da gerência e da gestão de serviços e de pessoal do setor saúde, assim como da administração gerenciada de ações e serviços, a exemplo das Organizações Sociais (OS)“;
6.     Desconsidera a posição da Conferência Regional de Políticas para as Mulheres, realizada em João Pessoa nos dias 25 a 27 de agosto, contrária a qualquer tipo de privatização e terceirização da gestão e de serviços do SUS;
7.      A experiência com OS’s em outros estados tem sido desastrosa, com implicações graves sobre a população e trabalhadores/as; em São Paulo, os hospitais geridos por OS’s custaram aos cofres públicos mais de 50% a  mais do que os hospitais administrados diretamente; além disso, o preço dos produtos utilizados para prestar atendimento à população pode variar mais de 500% nos hospitais estaduais que seguem um modelo terceirizado. Na Bahia, em 2009, o MPE e MPF denunciaram irregularidades no contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e a Real Sociedade Espanhola de Beneficência e constatou-se um prejuízo estimado em 40 milhões para os cofres públicos;
8.      Na Paraíba, no Hospital de Traumas, sequer foi feita uma auditoria (procedimento padrão) para averiguar o que se tinha lá dentro (desde medicamentos, até equipamentos), o que pode resultar em desaparecimentos de bens públicos, e mais de 150 trabalhadores/as foram demitidos/as, sobrecarregando ainda mais os que ainda trabalham e piorando o serviço, sem falar que os gastos aumentaram em 50%;
9.      É inconstitucional, entre outras razões, pelo fato de a Constituição Federal assegurar o direito à Saúde, no Art. 196, como dever do Estado, o que o impede de descentralização da prestação direta deste serviço, não podendo delegá-lo para entidades privadas. Nesse sentido, está sendo questionada a constitucionalidade da lei Federal que cria as OS’s (9.637/98) no Supremo Tribunal Federal através da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº 1923.

Diga não à PL 1064/2011! Peça para seu professor ou sua professora debater em sala de aula a importância da não privatização da saúde! Fique por dentro do que anda acontecendo na Paraíba e em João Pessoa! Defenda os nossos direitos, afinal, além de sermos estudantes de Direito, somos cidadãos e cidadãs!

O Coletivo Desentoca convida a comunidade acadêmica a refletir sobre as decisões políticas que vêm agredindo os direitos da população paraibana e a revoltar-se contra esta suposta Democracia que impede estudantes de entrarem na “Casa do Povo”, com socos, empurrões e pontapés.


Pergunte-se: essa é a democracia que queremos? Uma

 democracia que não ser propõe a nos escutar, a levar nossas 

opiniões em consideração? Democracia é o governo do povo, 

PARA o povo e PELO povo. Por isso que nós, do Desentoca, 

convidamos a todas e a todos para se fazerem presentes 

amanhã, dia 15/09, para mostrar o poder popular,  de forma 

pacífica e respeitadora!

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