quinta-feira, 12 de março de 2009

Carta ao Povo Paraibano

OLHA – Milton Nascimento “...Persegues a quem trabalhaCalúnia, carga e traiçãoTe julgas o mais expertoMas és mentira, só ilusão Depois de passar o tempoColhe o deserto que é todo teuCom todo teu preconceitoSegue pesando que enganas DEUS E enganando a ti mesmoPois quem trabalha continuouEm cada sonho suadoQue nem percebes o que custou....”

Vimos, através desta carta, resgatar alguns fatos que marcam a trajetória do ainda Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo de Cillo Pagotto, e, diante destes fatos e de seus atos, solicitamos que o mesmo venha a publico prestar explicações à sociedade paraibana.
Em 2004, logo após sua chegada a Paraíba, um dos seus primeiros atos foi fechar a CASA DE CONVIVENCIA POSITIVA, Núcleo da Cáritas Diocesana da Paraíba. Esta casa era o espaço onde se realizava o programa de prevenção e apoio às pessoas vivendo com HIV/AIDS.
Registre-se que o Arcebispo Dom Aldo Pagotto foi simplesmente o Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB. Ao contrário do que se espera de uma autoridade religiosa que ocupa a função de responsável pelo setor social da Igreja Católica no Brasil, o Arcebispo Dom Aldo Pagotto vem perseguindo as Pastorais Sociais, ora com palavras, ora com atos, como as acusações levianas contra a CPT, a declaração de apoio e solidariedade ao proprietário da fazenda Antas, Sr. Sebastião Figueiredo Coutinho, em prejuízo da luta pela reforma agrária dos trabalhadores e trabalhadoras sem terra. Quanto às ocupações de terra, o Arcebispo Dom Aldo Pagotto revela total desconhecimento da matéria, pois o Superior Tribunal de Justiça, pela sua Sexta Turma, nos processos HC no 5574-SP e HC no 4399-SP, entendeu que ocupação de terra por movimento social não caracteriza crime, mas pressão social, direito coletivo e expressão da cidadania.
O mesmo Dom Aldo declarou ser a favor do TRABALHO INFANTIL e da REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL, ferindo, assim, os direitos da criança e do adolescente garantidos por LEI desde 1990 com a aprovação do ECA, fruto de árduas lutas do movimento social em todo país.
Também assistimos ao envolvimento de Dom Aldo de Cillo Pagotto com grupos políticos envolvidos com CORRUPÇÃO e COMPRA DE VOTOS, exemplo, o caso CONFRARIA, onde o mesmo prestou apoio e solidariedade a CICERO LUCENA, acusado e preso por desviar mais de 100 milhões de reais dos cofres públicos da Prefeitura Municipal de João Pessoa, e o apoio irrestrito ao GOVERNADOR CASSADO Cássio Cunha Lima, por compra de votos e outros crimes eleitorais. O Arcebispo diz que é contra a participação de religiosos na política, mas em contra ponto, promove a defesa antecipada de políticos do PSDB, envolvidos em escândalos e comprovadamente punidos pelos poderes constituídos.
Sobre a declaração de temer a nomeação de Frei Anastácio para Superintendente do Incra, mais urna vez o Arcebispo Dom Aldo Pagotto vem prestar um desserviço à implantação da Reforma Agrária na Paraíba, pois Frei Anastácio dedicou os últimos 30 anos de sua vida, como a Paraíba sabe, à defesa dos trabalhadores do campo.
O Arcebispo Dom Aldo Pagotto fez gestões junto a um Senador para impedir a nomeação de Frei Anastácio para o INCRA e defende a ida de um latifundiário para o órgão. Pessoa esta que teve sua gestão na direção de outro órgão federal marcada por denúncias de irregularidades e improbidades administrativas, inclusive, com processos denunciados pelo Ministério Público Federal.
A gota d´agua foi a perseguição ao Padre e Deputado Federal Luiz Couto, representante legitimo do povo paraibano, que por defender questões de Direitos Humanos e de saúde publica foi privado de exercer o sacerdócio por um ato arbitrário, violento e ostensivo do Arcebispo Dom Aldo de Cillo Pagotto, sem direito a defesa. Acreditamos que o Padre Luiz Couto vem sendo punido por um ato meramente político e não de cunho religioso, pois em suas declarações o PADRE LUIZ COUTO demonstra acompanhar e compreender as verdadeiras necessidades de sua comunidade e sociedade em geral. Isto vem sendo comprovado em suas ações parlamentares, enquanto relator da CPI da Exploração e o Abuso Sexual Infanto juvenil na Paraíba, presidente da CPI da Narcotráfico e o Crime Organizado na Paraíba, participou da CPMI do Abuso e Exploração e o Sexual Infanto juvenil do Congresso Nacional e foi relator da CPI dos Grupos de Extermínio no Nordeste da Câmara Federal, além de ter sido presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Lembramos que DOM ALDO declarou não existir grupo de extermínio na Paraíba.
Diante de todos os fatos expostos, nós, dos movimentos sociais, ONG´S e Sociedade Civil Organizada, vimos de publico exigir que o Arcebispo Dom Aldo de Cillo Pagotto se retrate perante a sociedade paraibana e sugerimos que, para isso, um dos seus primeiros atos seja tornar transparente as contas da Arquidiocese da Paraíba, já que a mesma vem recebendo vários recursos públicos, através de convênios com o Governo do Estado, recursos estes oriundos das contribuições tributárias dos cidadãos e cidadãs paraibanas.
Iremos além: sugerimos, também, que diante de tantos desserviços prestados à sociedade paraibana, Dom Aldo de Cillo Pagotto possa rever se é digno de continuar arrebanhando os fiéis e as fiéis da nossa Arquidiocese.
João Pessoa, 27 de fevereiro de 2009.
Assinam:
AMAZONA – Associação de Prevenção a Aids
ABRAÇO – Associação Brasileira de Rádios Comunitárias
ABAMAM – Associação de Moradores do Alto do Mateus
ASTRAPA – Associação das Travestis da Paraíba
ASTEIAS
CENTRO DOM OSCAR ROMERO
COLETIVO DE MULHERES SANTO DIAS
COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA OAB
COMITE REGIONAL DO FORUM NACIONAL PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO – FNDC/PB
CUT – Central Única dos Trabalhadores
FORUM DCA – Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente
FUNDAÇÃO MARGARIDA MARIA ALVES
GRUCON – Grupo de Consciência Negra
MARCHA MUNDIAL DE MULHERES
SINTER/MTC
SINTRAMB – Sindicado dos Trabalhadores Municipais
de Bayeux
SINTRICON – Sindicado dos Trabalhadores nas Industrias da Construção e do Mobiliário
SINDTEXTIL
PROJETO BEIRA DA LINHA
RECID – Rede de Educação Cidadã da Paraíba

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