quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mais de 600 mil passam fome na Paraíba

A Paraíba ocupa o 3º lugar no ranking dos estados com maior taxa de insegurança alimentar e nutricional, ficando atrás do Maranhão e Roraima, e no Nordeste ocupa o 2º lugar. De acordo com dados do suplemento ?Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA)? da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 58,96% da população paraibana não consome a quantidade suficiente de nutrientes e integra quadros de insegurança alimentar no País. 17,84% da população, que equivale a 637.384 pessoas, passam fome na Paraíba. A pesquisa foi realizada em 2004 e é a mais recente na área. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) informou que um novo levantamento será realizado no segundo semestre de 2009. A pesquisa permitiu classificar os domicílios segundo quatro categorias de condição de segurança alimentar: Segurança Alimentar, Insegurança Alimentar leve, Insegurança Alimentar moderada e Insegurança Alimentar grave. O estudo revelou que do total de 3.573.432 da população paraibana, 2.106.988 pessoas fazem parte do quadro de insegurança alimentar, o que significa que não consomem diariamente a quantidade de nutrientes necessária para o bom funcionamento do organismo. O mais grave é que mais de 600 mil pessoas enfrentam algum tipo de doença ou distúrbio pela falta de nutrientes, ou seja, passam fome no Estado. Desse total de pessoas em insegurança alimentar, 286.597 são pessoas entre 18 e 49 anos, 211.554 entre 5 e 17 anos, 63.738 de 0 a 4 anos e 21.698 têm 60 anos ou mais. 1.040.614 são homens e 1.066.374 são mulheres. Quando se trata da cor ou raça os de cor preta ou parda assumem a liderança em relação aos brancos sendo 1.435.703 contra 671.285 brancos. Pela pesquisa, a população urbana é a ais atingida pela falta de alimentos com 1.516.169 pessoas, quando na área rural do Estado são 590.819. Para a análise foi considerada a insegurança alimentar em seus vários níveis, desde a preocupação de que o alimento venha a acabar antes que haja dinheiro para comprar mais, o que configura uma dimensão psicológica da insegurança alimentar, passando, pela insegurança relativa ao comprometimento da qualidade da dieta até chegar ao ponto mais grave, que é a insegurança quantitativa, situação em que a família passa por períodos concretos de restrição na disponibilidade de alimentos para seus membros. A pontuação atribuída a cada domicílio corresponde ao número de respostas afirmativas às perguntas relacionadas as situações citadas acima. Maria: ?A gente sobrevive? A família da dona de casa Maria José da Luz, de 49 anos, moradora da comunidade Paturí, no Rangel, é um exemplo da situação de insegurança alimentar da população carente do Estado. Maria dividiu a humilde casa em três cômodos para abrigar os filhos e netos e já perdeu a conta das vezes em que não tinha o que comer em casa. Ela conta que quando o marido está trabalhando a família chega a tomar café e almoçar, mas quando ele está desempregado, como é o caso no último mês, os filhos mal tem o que almoçar. ?Nós sobrevivemos com o Bolsa Família, é o que salva para não passar fome. A ajuda do pão e leite que vem do governo é o que livra os pequenos de ficar com barriga vazia de manhã. A gente não vive, sobrevive?, disse Maria. Doente e sem condições de trabalhar, a dona de casa reza por dias melhores e faz um apelo para que o governo olhe para os mais necessitados. Ministério libera R$ 1 bi por ano Segundo a assessoria técnica da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano (SEDH), não existe nenhum levantamento novo na Paraíba, mas sabe-se que a situação é crítica e que medidas urgentes precisam ser tomadas. Edna Maria do Nascimento, da assessoria técnica da SEDH, afirmou que quatro projetos foram elaborados e estão para ser aprovados no final deste mês. Os projetos estão concorrendo em editais do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan). De acordo com Edna, ?a prioridade de público de todos os projetos são as populações que vivem em situação de vulnerabilidade social, e as cadastradas no programa federal Bolsa Família?. De acordo com o Ministério, a Paraíba recebe do MDS, por ano, R$ 1,09 bilhão para execução de programas sociais. As ações nas áreas de transferência de renda, assistência social e segurança alimentar beneficiam 3 milhões de pessoas. O Bolsa Família, maior programa de transferência de renda do País, transfere por mês R$ 38,7 milhões para 436,9 mil famílias paraibanas. Projetos 1.COZINHAS COMUNITÁRIAS: Implantação de 3 cozinhas comunitárias, em Caaporã, Mogeiro e Pilões; Objetivo: formação/capacitação de populações vulneráveis em Segurança Alimentar e Manipulação de Alimentos. Fornecer refeições saudáveis e de baixo custo para populações pobres. . Nº de famílias beneficiadas: mais de 300. 2.COMPRA DIRETA ? PAA: Compra de produtos da agricultura familiar para repassar para equipamentos públicos (escolas, creches, etc). Serão 14 municípios contemplados. Objetivo: formação/capacitação dos agricultores familiares em Segurança Alimentar, Produção Agroecologica e Geração de Renda conforme os princípios da Economia Solidária. . Nº de famílias beneficiadas: mais de 600 agricultores familiares. 3.AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA(SÓ PARA REGIÕES METROPOLITANAS): Implantação de hortas comunitárias nos municipios de João Pessoa, Conde e Santa Rita. formação/capacitação dos agricultores familiares de áreas urbanas em Segurança Alimentar, Produção Agroecologica e Geração de Renda conforme os princípios da Economia Solidária. . Nº de famílias beneficiadas: mais de 300. 4.SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL PARA COMUNIDADES RADICIONAIS (QUILOMBOLAS E INDÍGENAS): 08 aldeias em 02 municípios, 03 comunidades quilombolas em 03 municípios. Apoio a produção de alimentos agroecologicos em aldeias indígenas, comunidades quilombolas e negras, com o objetivo de diminuir o índice de insegurança alimentar. Nº de famílias beneficiadas: mais de 300. Renata Escarião

Autor: Redação
Fonte: Correio da Paraíba
Data: 22/07/09
Disponível em:
http://www.juridicobrasil.com.br/portal/index.php?tipo=2&cod=2&id_noticia=269114

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